Em busca do primeiro imóvel para alugar no Reino Unido
Embora tenhamos visitado Londres por duas vezes antes de decidir mudar para o Reino Unido, é muito difícil escolher a região onde morar antes de conhecer a cidade um pouco melhor. Escolas, comércio, transporte influenciam demais nessa escolha, por isso preferimos verificar in loco alguns lugares indicados por amigos e pesquisas na internet. A questão é que entanto você não possui um endereço fixo sua vida não entra no eixo. Sem uma moradia (própria ou alugada) você não consegue abrir conta em banco, arrumar emprego, colocar as crianças na escola, ter acesso à saúde, nada. Absolutamente nada.
Saímos do Brasil com uma reserva de 10 dias num imóvel da Airbnb e, a partir do nosso primeiro dia na cidade, começamos a entrar em contato com imobiliárias para agendar as tais “views”, visitas às propriedades que nos chamaram atenção. Fizemos as buscas em sites como Rightmove, Zoopla, Open Rent. Em cinco dias visitamos seis propriedades e somente então fomos descobrindo como esse ramo funciona.
Você faz a visita e se gostou entra em contato imediato com a imobiliária já com uma proposta em mãos – nada de propostas indecorosas, nada de abaixar o valor, não, nada disso. Aqui você aceita o valor pedido ou faz uma oferta maior caso seja um imóvel excelente – sim, você leu corretamente. É possível oferecer menos, mas em raros casos de lugares encalhados, por assim dizer. A explicação para essa situação é simples: Londres tornou-se uma cidade muito cara por tudo que oferece, fazendo com que o custo de vida seja muito elevado, embora muitas vezes não seja preciso estar tão próximo dela para viver bem. E escolher uma cidade num raio de 50 a 100 km pode ser muito mais econômico, dependendo das suas prioridades
Mesmo que você faça uma boa proposta é preciso levar em conta outros fatores como comprovante de rendimento. Outras questões que pesam muito na hora de a imobiliária lhe aceitar como locatário é saber detalhes seus, se tem família, crianças, animais de estimação e por aí vai. Como somos um casal com filhas pequenas, um dos imóveis que havíamos gostado muitíssimo já havia sido descartado porque um dos quartos era muito pequeno para duas crianças – e isso é uma coisa bem legal aqui, você precisa de condições mínimas para morar. Não adianta tentar alugar um um apartamento de um quarto com quatro pessoas porque não irão aceitar. Outro imóvel que havíamos gostado muito acabamos fazendo uma proposta £ 50,00 abaixo do valor anunciado e oferecemos três alugueis adiantados – estamos esperando a resposta até hoje…
Para conseguirmos alugar o apartamento em que estamos hoje foi preciso bancar um ano de aluguel no ato (aí sim foi possível negociar o valor), mas foi complicado trazer todo esse dinheiro do Brasil e a imobiliária simplesmente não liberou a chave enquanto não completamos o valor total – fizemos transferências em dias diferentes.
Outro fator importante é ter reserva financeira para imprevistos. Até conseguir finalizar os trâmites do aluguel, foi preciso pagar por mais três dias no Airbnb. Além disso, sem uma reserva não poderiamos aceitar a proposta do “landlord” (locatário) e talvez ficaríamos mais um mês em busca de um local para morar.
Para a transferência tinhamos três opções – fazer o câmbio diretamente pelo nosso banco no Brasil ou por meio de start-ups como como o Remessa.com ou o Transferwise. O banco ou o Remessa não fazem essa transação para pessoa jurídica a não ser que tenha toda a documentação necessária assinada. Um desses documentos é justamente o contrato de aluguel assinado por todas as partes e aí é que a situação se complicou. A imobiliária só assinaria o contrato depois de receber o valor total…
Corrida para mobiliar
Para nossa felicidade, temos uma grande amiga morando há anos aqui na Inglaterra e que tem nos ajudado nas situações mais complicadas. Se não fosse por ela, não teríamos conseguido alugar este apartamento. Ela recebeu o dinheiro na conta dela e repassou para a imobiliária. Pronto, dinheiro na conta, na mesma manhã que toda a transferência foi feita recebemos as chaves de casa, simples assim.
E aqui nos entregam as chaves do imóvel e pronto? Não. Uma especialista nos recebe no imóvel, nos entrega as chaves e as respectivas cópias e passa cômodo por cômodo conosco mostrando e explicando toda a situação da propriedade, informando onde os relógios de água, gás e luz estão, detalhes a respeito da manutenção e uso do que existe no imóvel.
Com as chaves nas mãos, hora de partir para uma tarefa urgente: mobiliar o imóvel com o mínimo necessário. Na Inglaterra, os apartamentos e casas podem ser alugados com ou sem mobília e no nosso caso preferimos ter nossas próprias coisas. Vale dizer que o layout das plantas aqui é diferente do Brasil. Não é comum você ter uma área de serviço com tanque de lavar roupas, por exemplo. A máquina de lavar fica dentro da própria cozinha.
Como chegamos da rua em dias frios cheios de roupas, geralmente há uma área de recepção com um pequeno recinto para guardar coisas. Os cômodos são espalhados de forma não muito lógica em muitos casos e é normal que o imovel tenha apenas um banheiro. No nosso caso, felizmente o apartamento possui dois, um deles na suíte do casal.
Mesmo em imóveis não mobiliados é possível encontrar geladeira, fogão, forno e máquina de lavar roupas como parte do aluguel, além do sistema de aquecimento. Ou seja, você tem basicamente que se preocupar com colchão, roupa de cama e banho e alguns utensílios de cozinha para sobreviver aos seus primeiros dias.
Com duas crianças, resolvemos fazer uma compra maior para ter um lar mais confortável o quanto antes. E aí não houve outra opção que não fosse a IKEA, loja sueca que inspirou Tok&Stok e ETNA no Brasil. Cama de casal, beliche, sofá, mesa de jantar, mesa de escritório, rack da TV, cadeiras, colchões, tudo, comprado na mesma tarde.
E se em nosso país, montar esses produtos é uma opção aqui é quase uma obrigação. Foi um fim de semana para colocar tudo de pé, literalmente. Mas nada como ter seu canto, mesmo que seja a milhares de quilômetros do seu país de nascença.