Existe vida no casamentos após o nascimento dos filhos
Do nosso círculo de amizades, fomos um dos últimos casais a ter filhos. Enquanto nossas filhas começaram a comer e tomar banho sozinhas,alguns amigos já têm filhos prontos para morar sozinhos no exterior, se preparando para a faculdade, enfim.
Antes de engravidarmos, olhávamos com atenção a vida deles com filhos pequenos e falávamos para eles e nós mesmos: “nunca deixaremos de ser um casal para sermos ‘apenas’ pai e mãe”. Geralmente cumpro 90% do que eu falo, mas esse assunto fez parte dos 10% que falho. Após o nascimento de nossa primeira filha tudo em nossa vida mudou.
O desafio de manter um relacionamento saudável com seu parceiro após o nascimento de uma criança é imenso! Eu não tinha noção do que viria pela frente e ninguém havia me avisado dessa dificuldade. A única coisa que eu ouvia de minhas amigas era que o amor pelo filho é muito maior do que o amor pelo parceiro, por isso o casamento se transformava numa “simples” amizade, e isso, eu não aceitava e continuo sem aceitar.
“Resolvemos que nós mesmos colocaríamos a mão na massa”
Não é a questão de mais ou menos amor, é questão de exaustão, de dificuldades, de aprendizado, de diferenças entre o casal que antes de nos tornarmos pais não tinham vindo à tona.
Além disso tudo, meu marido e eu decidimos ser o tipo de casal que, como ele costuma dizer: “não terceiriza a educação das filhas”. Resolvemos que nós mesmos colocaríamos a mão na massa. Nós acordamos com elas (inclusive de madrugada), preparamos o café da manhã, as malas para a escola e atividades extracurriculares, cozinhamos e cuidamos da casa – e ainda trabalhamos em horário integral.
E o nosso tempo juntos? Como fica?
Hoje, qualquer abraço que eu dê em meu marido, tenho duas “pitucas” penduradas em nossas pernas pedindo um “abraço coletivo”, como batizamos o gesto de pegá-las no colo e nos apertarmos. Tentamos tirar um dia aqui e outro ali para pegarmos um cinema juntos, sair para jantar, enquanto as meninas ficam com alguma baby-siter de confiança (o que sai caro hoje em dia).
Mas no nosso dia a dia nos esforçamos para mantermos nosso espaço em casa mesmo. Colocar as crianças para dormirem num horário razoável à noite é um bom começo. Nessa hora que conseguimos tomar um lanche juntos para conversar um pouco, assistir a um filme e namorar. Quando estamos todos juntos em algum tipo de atividade (uma refeição, no deslocamento da escola para casa, montando um quebra-cabeça), tentamos explicar que o papai e a mamãe precisam conversar entre eles também, não somente com elas.
“tudo começou com nós dois e vai terminar assim”
Difícil de entenderem, por enquanto, e isso é um exercício diário para todos nós. Manter o foco na família, pensar que as pequenas estão crescendo e logo mais não vão mais querer o tal do “abraço coletivo” e que sentiremos falta dessa fase, mas também manter o foco no casal, pois tudo começou com nós dois e vai terminar assim. Pelo menos, é isso que ambos desejamos.
Queremos também conseguir alertar os pais de primeira viagem para que não se assustem e não desistam. Toda essa dificuldade faz parte da formação de uma família. A criança chega para colocar mais tempero na nossa rotina e nos ensinar a viver intensamente e felizes.